quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

...

...e quanto amei eu uma cidade para que em seguida renunciasse a ela para te conhecer?
...e olhares?
...e sorrisos?
...perdi o azul que amava... e os teus olhos continuam num silêncio capaz de me inebriar.

Ninguém vive sem palavras...


Quantas vezes deixei o mundo atrás das costas?

Quantas vezes deixei o cigarro mal apagado no cinzeiro?

Quantas vezes procurei odores num copo de vinho tinto?

Quantas vezes me perdi com os pés frios?

Quantas vezes te imaginei vestido com A Roupa De Me Ver?

Quantas vezes diluí os lábios num sabor que esqueci?

Quantas vezes me doeram as costas por esperar mais que o necessário?

Quantas vezes te senti a tocar de leve o meu corpo?

Quantas vezes me sorriste?

Quantas?


Criei uma bola nas pálpebras para que retenha as emoções quando não te vejo... e para que as retenha quando te vir...


Nestes dias quero não sentir o sol, não sonhar contigo e gritar quando o teu cheiro voltar... odeio que o meu cheiro tenha misturas que não desejo.


Quero ir contigo a Veneza e tirar fotografias do teu rosto dentro de uma gôndola.


Tonight I have to leave it...

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O tampão da rua


Quando olho para ti há um linha direita que passa por ti e me une ao centro da terra. Mantem-me equilibrado. Colocas as minhas dúvidas no centro do mundo...


O teu silêncio, esse mutismo capaz de te tornar transparente deixa-me tonto. Quero chegar e trazer-te de volta os ruidos, os odores, as cores, o comboio que passou, o sabor a vinho, a sopa recém cozinhada, o odor do teu cabelo, a tua pele, o meu diário a pincel azul no teu corpo...


Não quero.... mas tenho que ir, perdão.


E amanhã apanharei o mesmo autocarro, e sei que o terraço estará cheio de sol, de luz que ilumina a cidade onde sempre procurarei um ponto do teu olhar...


De onde vens?... quando?

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

...B?

...não consigo imaginar o som das palavras que poderão sair dos teus lábios.
...esqueci-me de como falas.
...desculpa. sempre quis estar à distância de um beijo do teu corpo.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

...

Hoje não chove.
Instalou-se um silêncio cinzento nas imediações do meu olhar onde a noite procura uma vez mais a náusea húmida que chega do rio.

Quantos homens te esqueceram para que te esquecesses de mim?

Volto para dentro... está frio no exterior do meu corpo...


noite 0




Noite escura.
Noite áspera.
Noite à noite.
Frio no corpo com o quarto em silêncio.
Ouves?

Tenho os olhos cansados, de corpos ausentes, etéreos. Deixei o corpo dormir de mim e voltar ao ponto de partida onde os dias definam e os odores apestam nas calçadas das cidades que resolvi abandonar em prol de um dia sem ti. Não te vi, nunca te vi, não conheço o meu nome no teu sorriso. Nunca adormeci com os teus lábios nos meus ouvidos. O meu corpo foi, veio... e foi, no calor da lã do casaco que nunca usas-te... sempre odiamos os chapéus de chuva e o frio insistia em beijar-me os pés.
Não sorrias.
Não preciso do teu sorriso na noite das noites.
Tinha a cabeça na copa das árvores no dia em que passavas junto às minhas mãos, desculpa, não te vi... procurava ninhos nas árvores que povoavam de seres as nossas noites, as que nunca tivemos, as que sempre vi no estalido da manhã azul. Soltei-o mais uma vez, no interior dos sonhos abandonados de mim e onde os pássaros nos comiam a pele, lambiam o odor a sémen amarelecido da volúpia das horas abandonadas.Não perdi o sabor a ti mas vendi a tua memória nas noites usadas.
Noite de noite com a lua a estalar nos meus ouvidos e os gritos a pesar nas costas. Larguei os braços e as pálpebras enchem-se de pó, de sono, de pesadelos, de incensos pintados com o teu cabelo.
Soltem-se os gritos. Soltem-se os braços. Soltem-se as luas que continuam a povoar as minhas noites, na casa azul e no branco das paredes que abraçam o pescoço que espera o teu teu sorriso antes que anoiteça. Antes do fechar dos dias. Antes do ir à rua e cruzar-me com o teu corpo abandonado. Uma vez mais. Ouves?